Grupo de Dança Flamenca com mulheres entre 50 e 79 anos se destaca na capital

Há mais de nove anos e com cerca de 18 coreografias, elas têm disposição para ensaios semanais e afirmam estar de bem com a saúde

 

Maria de Lourdes Moreira Gouveia, 79 anos; Nilza Campanaro da Rosa, 78 anos; Joice Favarini Fernandes 75 anos; Clélia Moreira Pinto, 72 anos; Ernestina Lívia Drumond, 73 anos; Merle Gualberto Borges, 66 anos; Zara Veloso, 65 anos; Maria Antonieta, 61 anos; Wânia Lucia Divino, 61 anos; Norma Rodrigues de Almeida, 65 anos; Marina Fernandes Camargos, 59 anos. Todas essas mulheres e mais 25 outras têm uma coisa em comum: elas fazem parte de um grupo de dança Flamenca que realiza diversos espetáculos em Belo Horizonte.

 

Em outubro, duas apresentações foram realizadas em Belo Horizonte. A primeira no dia 23, durante a programação do Fim de Semana Cultural, no Clube Barroca Tênis Clube (Rua Américo Macedo, 348, Gutierrez ); a segunda no dia 24, na Faculdade Estácio de Sá do bairro Prado (Rua Erê, 207); E elas não param por aí, a próxima está agendada para novembro, no dia 1, às 14h ,no campus Venda Nova (Rua Padre Pedro Pinto, 628) da Estácio. Outros shows estão agendados para os dias 28 e 30 de novembro, espaços a serem definidos.

 

Toda a coreografia é montada em parceria com a professora e bailarina Bela Lira, que há nove anos acompanha o grupo. Com passos firmes e ao mesmo tempo graciosos, elas capricham no figurino e encantam o público. Ao longo desses anos, já se apresentaram em diversos pontos como o Mercado Central, Minascentro e o Teatro da Maçonaria, na capital e em cidades como Lagoa Santa, por exemplo. Este grupo já conta com 18 coreografias.

 

Dança adaptada para a terceira idade

Os ensaios acontecem todas às quartas-feiras, de 14h às 15h40, na sede da Faculdade Estácio de Sá. Bela Lira explica que o Flamenco é uma dança singular e não é fácil, pois requer além do estudo do ritmo e de seus passos, um conhecimento do próprio corpo. Ela comenta ainda que o trabalho para essas mulheres é desenvolvido levando em conta a idade e as condições físicas de cada uma.

 

De acordo com Bela, o Flamenco requer da bailarina passos fortes por causa do sapateado, por exemplo.  Nesse sentido, a coreografia para este grupo foi adaptada para que todas consigam dançar, dentro de suas limitações. “Não usamos o tablado, por isso, atuamos com marcações dos pés e muitos movimentos dos braços. Trabalhamos muito alongamento, exercícios para amolecer as articulações e o quadril. O resultado é surpreendente já que todas conseguem assimilar os passos e ficam muito harmoniosas no palco”, conta.

 

A bailarina destaca ainda sobre os benefícios da dança que, além de ser uma terapia, trata-se de um exercício físico que trabalha autoestima, fortalecimento, flexibilidade e coordenação. Os resultados já são sentidos de forma natural entre suas alunas.

 

Disponibilidade para ensaiar é o que não falta!

O grupo tem cerca de 20 mulheres assíduas e com diversas histórias e problemas de saúde. Mas elas encontraram na dança uma maneira de envelhecerem com saúde e, principalmente, com uma vida alegre e divertida!

 

É o caso de Maria de Lourdes que, após ficar viúva procurou na dança sua terapia. Aos 74 aos praticava dança do ventre e há três anos é uma das alunas do Flamenco. Para ela, a vida ganhou mais sentido e a atividade a ajudou a melhorar as dores geradas pela artrose artrite.

 

Também é o caso de Zara Veloso que optou pela dança após a perda de sua mãe de 101 anos. Zara era quem cuidava dela e sentiu-se muito sozinha com o seu falecimento. A dança veio há um ano como terapia e aumentou também sua autoestima.Com uma saúde de dar inveja, ela conta que sua vaidade aumentou, pois para cada dia de aula ela se arruma, sempre se preocupando em escolher a melhor roupa. “Sem contar que dançar ajuda a evitar a depressão e aumenta a longevidade”, reflete.

 

Assim como Zara, Norma Rodrigues, sempre cuidou de sua mãe e de uma tia. Além disso, trabalhava na Secretaria de Zoonose de Belo Horizonte quando se acidentou inalando um remédio tóxico para combater a dengue. Teve então que se cuidar dessa intoxicação e de uma epicondilite.  A vida sobrecarregada, a baixa autoestima e os problemas de saúde não a atrapalharam de fazer o que mais gosta: dançar.

 

Merle Gualberto Borges, teve depressão e tomava diversos remédios. Além disso, tem hipertensão, diabetes e artrose. Ela chegou ao grupo indicada por uma amiga e hoje, após quatro anos, já não usa mais antidepressivos, a diabetes está97% controlada e se curou de um câncer de intestino há mais de um ano.

 

Wânia Lucia Divino, há 33 anos possui três próteses: duas no fêmur e uma no joelho- isso devido a um reumatismo que teve aos quatro anos de idade. Ela tornou-se atriz e investiu na dança; Segundo Vânia, se não fossem as atividades físicas talvez não estaria andando. Ela participado grupo há 8 anos.

 

Para Ernestina Lívia Drumond, as dores geradas pelo reumatismo, osteoporose lombalgia também melhoraram. Está há mais de nove anos no grupo e sua vida mudou completamente.

 

A distância não é problema para Joice Favarini que se desloca de São José da Lapa para dançar. No total são três conduções para ir e voltar do curso. São nove aos nesse bate e volta com a felicidade estampada no rosto e muita energia.

 

Marina Fernandes Camargos, chegou à turma com 48 anos e a idade mínima de ingresso era de 50 anos. Ela acompanhava sua tia aos ensaios e se apaixonou pela dança. Mesmo “burlando” a regra e com a desculpa de ficar com a tia, ela começou a participar ativamente. Hoje aos 59 anos, também é adepta à musculação e pilates. Sua saúde é excelente!

 

Maria Antonieta, mais conhecida como Tuca, está há mais de sete anos na equipe. Segundo ela, por meio da dança, nasceram muitas amizades e companheirismo. “Nessa idade quem fica sozinha tem depressão”, conta.